voar de tanta boniteza

'mais esperança nos meus passos
do que tristeza nos meus ombros'

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[Cora Coralina]

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A menina da saia de chita estava quase no fim da aula de inglês. E a única palavra que tinha conseguido aprender, aquele dia, foi “Help me”. É que ela achava bonito, assim, pedir ajuda em outra língua. Ela queria disfarçar o pedido de socorro. Ela tinha medo que alguém descobrisse o grito dela preso. Um grito seco, entalado na garganta. Feito caco de vidro. Porque na noite passada, ela teve um pesadelo horrível. É que ela viu um estranho que se aproximava dela. Ele parecia um vampiro. Ela ficou com medo. Decidiu não sair da sala de aula. Mas ele a fitava pela janela. Ela só pensava em como ia ser quando saísse lá fora. Decidiu abrir o código de Alice – é o guia que a conduz. Era só abrir e pronto. Já estava em outro mundo. É que no País da Maravilhas não há escolas com pessoas portadoras de cinismo nem maldade, e não tem vampiros te esperando lá fora. Lá, só tem casinha de boneca. É tudo tão bonito. Lá, gritos de horrores nunca chegam aos ouvidos. Ela passeia descalça. Ela corre sobre campos de girassóis livremente, dança à chuva e ao sol com a sua sombrinha. Ela usa uma saia de chita agarrada à cintura, presa por um cordão de fitas coloridas. E na cabeça uma tiara constelada de pedrinhas das mais variadas cores. Todo mundo anda de mãos dadas. É por isso que a menina da saia de chita adora aquela escola. Porque lá ela se arma com uma lâmpada mágica. E só vê paisagens. Ela vê o infinito preenchido com cores, música e emoções limpinhas. Porque lá, não é uma escola qualquer da vida real. É uma escola de sonhos.

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Pipa-Cris. [As que sonham]