5.11.09

about him


Xangô me mandou lhe dizer
Se é canto de Ossanha, não vá
Que muito vai se arrepender
[Vinicius de Moraes]

É noite aqui. Dentro, só barulho de guizos de cobras e suçuaranas. Estrago é pouco pro que restou depois da chuva. As portas ainda batem que nem filme de terror. Mas o medo é só eu que sinto. E os estalos dos trovões que chicoteiam o céu fazem tremer os pés e a cabeça. É a voz dele me chamando. Tento repudia-lo com as mãos. Afasto. Grito. Mas é ao encontro dele que eu vou sem solução. Num timbre de voz que seduz as sereias e os desavisados. Canto de Ossanha. Depois, ele brinca de gato e rato com o coração. E faz moqueca com o que sobra dele. Serve de ensopado na mesa principal. Acompanhado de vinho e muito chantilii. Brinda e comemora mais outra sedução. Põe o prato no lugar de entrada pra servir de enfeite. Lá, já tem outros tantos. E o meu vou deixando de brinde. E eu o absolvo de um crime sinistro. Mesmo sabendo que será o meu prato que estará lá em poucos instantes. Mastigo. Mastigo. Mas antes do golpe, ele me embala numa rede de cores lindas. Numa atmosfera que cheira a alfazema, ele me põe pra dormir.

Um comentário:

lídia martins disse...

Mas que diabos é isso?
Vá lá e pegue o bilhete! Imediatamente!

Besos serena.

Ilumina Tche!